Quem sou eu

Minha foto
Pedagoga, Professora e Coordenadora das Tecnologias na Escola PCTE

sábado, 15 de outubro de 2011

A tecnologia na escola contemporânea e o uso dos recursos na construção do conhecimento

                                                                                                                 Elizabeth Guedes Alcântara



As tecnologias digitais apareceram nas últimas décadas do século XX e foram disseminadas pelo mundo rapidamente, elas estão presentes na vida da criança pequena ao acadêmico do ensino superior, seja em casa, na Lan House ou no celular. Essa nova turma passa horas conectada as redes sociais, interagem com pessoas de outros países, se comunicam fluentemente em vários idiomas e também ouvem músicas no MP de última geração.

E enquanto isso... na escola contemporânea, o professor continua a passar a “matéria” no quadro de giz, utiliza o livro didático com informações descontextualizadas e conceitos ultrapassados, mas essa nova cultura de aprendizagem está adentrando o ambiente escolar, começa a instigar o professor sobre as mudanças recentes na forma de aprender dessa clientela, surgem questões como: qual é o papel das tecnologias na escola, como inserir as ferramentas tecnológicas no dia-a-dia da sala de aula de forma significativa, como integrá-las ao currículo da escola com a finalidade de promover o letramento digital de professores e alunos.

Segundo Curi (2008), teríamos que reinventar a escola, mas esse processo é lento, afirma que as empresas estão criando ambiente de aprendizagem durante a jornada de trabalho, dessa forma a aprendizagem está cada vez mais distante da escola, então o que fazer para ressignificar as instituições de ensino?

Necessitamos reconstruir a escola, pois existe a crescente necessidade de conhecimento em todas as áreas e a possibilidade de ficarmos para trás do processo de desenvolvimento tecnológico. A educação pode acompanhar essas mudanças, oportunizando formação adequada ao aluno, democratizando a informação por meio do acesso as novas tecnologias, de maneira flexível entre trabalho e educação, promovendo a discussão de assuntos ligados à realidade e seus problemas, dessa forma expande, reequilibra a educação e o ensino país.

A política atual do Ministério da Educação é oferecer cursos aos professores brasileiros com a finalidade de resgatar a identidade do profissional em educação e a necessidade de aprendizagem contínua; instigar a observação sobre o contexto da própria escola em relação ao uso das tecnologias disponíveis; rever o papel do professor considerando as características da sociedade tecnológica e do conhecimento e também recontextualizar o uso dos recursos computacionais. De acordo com Cysneiros (1999):

“O fato de se treinar professores em cursos intensivos e de se colocar equipamentos nas escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para melhoria da qualidade do ensino. Em escolas informatizadas, tanto públicas como particulares, tenho observado formas de uso que chamo de inovação conservadora, quando uma ferramenta cara é utilizada para realizar tarefas simples (...), o uso do computador para tarefas que poderiam ser feitas por gravadores, retroprojetores, copiadoras, livros, até mesmo lápis e papel). São aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno, aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se aparências.”

A criança de hoje já vivência o mundo digital e o professor ainda vive no mundo analógico, como aproximar desses protagonistas da aprendizagem ambientes colaborativos e interativos de aprendizagem? O que está em questão é a importância de como ensinar e aprender virtualmente, uma vez que as tecnologias alteraram significativamente o ensinar e o aprender na escola, o entrave ainda é a transformação da informação em conhecimento nessa era da nova cultura da aprendizagem.

Para Prensky (2001), é necessário conhecer a diferença entre imigrante digital e nativo digital para compreender e tentar encurtar a desigualdade que existe na maneira que o professor utiliza as ferramentas tecnológicas e essa nova geração de crianças que nasceram e cresceram utilizando as tecnologias e por isso são conhecidas como nativos digitais, e quanto aos docentes atuantes na escola contemporânea são chamados de imigrantes digitais. Para o autor,
“Os Nativos Digitais estão acostumados a receber informações muito rapidamente. Eles gostam de processar mais de uma coisa por vez e realizar múltiplas tarefas. Eles preferem os seus gráficos antes do texto ao invés do oposto. Eles preferem acesso aleatório (como hipertexto). Eles trabalham melhor quando ligados a uma rede de contatos. Eles têm sucesso com gratificações instantâneas e recompensas frequentes. Eles preferem jogos a trabalho “sério”.

Enquanto o imigrante digital constrói seu conhecimento tentando adaptar-se as mudanças dessa nova linguagem, o nativo digital quando chegam a essa escola contemporânea tem de frear seus conhecimentos, adaptando-se ao ensino tradicional maquiado com a pesquisa na internet para obter informações.

Prado & Almeida (2002) no artigo Desafios e possibilidades da integração de tecnologias ao currículo, enfatizam que “hoje emergem estudos que integram dois dos mais importantes temas do panorama educativo atual: tecnologias e currículo.” O design educacional do currículo que se desenvolve com a mediatização das tecnologias abarca as dimensões tecnológicas, pedagógicas, sócio-históricas, cognitivas e afetivas, considera a importância de integrar diferentes tecnologias das mais convencionais à tecnologia digital, de acordo com os objetivos pedagógicos da atividade, as características das tecnologias disponíveis e as condições contextuais.

Assim, o design educacional se assemelha ao design emergente apresentado por Cavallo (2003), “que se apóia nas inovações do uso da tecnologia digital, no gerenciamento e mudança educacional que esta tecnologia propicia”. À luz da experiência partilhada” (GOODSON (2001) são coerentes com a pedagogia de projetos (PRADO, 2005), com a integração de tecnologias ao currículo, bem como orientam o trabalho com projetos que têm as tecnologias como suporte à sua realização.

Com base nestes princípios e concepções, os aspectos fundamentais a enfatizar no processo de integração de tecnologias ao currículo no trabalho com projetos é a produção colaborativa de conhecimentos, o uso da tecnologia na aprendizagem e no desenvolvimento do currículo.

O currículo deve permear todas as áreas do conhecimento e integrá-las sempre que for possível e para isso deve-se transformar, recriar os tempos e espaços na escola e na sala de aula. Segundo Hernandez 1998, “os projetos são uma maneira de repensar a função da escola, com o objetivo de corresponder às necessidades de uma sociedade em permanente mutação, cujos conhecimentos são, cada vez mais, rapidamente revisados e transformados.”

A utilização dos recursos tecnológicos na escola possibilita que a aprendizagem ocorra em diferentes lugares e por diferentes meios, mas é necessário que as tecnologias enriqueçam o ambiente escolar favoreçam a produção do conhecimento de maneira ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores.

A escola é o lugar onde o conhecimento deveria estar em permanente construção, em que todos os alunos tivessem acesso aos ambientes virtuais de aprendizagem disponíveis na internet, assim a escola hoje poderia oportunizar leitura de hipertextos, conhecido também como texto interativo, não linear que é construído em rede, geralmente é multimodal, pois oferece recursos: verbais, visuais, sonoros e cinéticos. Dessa forma a metodologia nas situações de ensino na escola e de aprendizagem deverá privilegiar a utilização de recursos tecnológicos nas aulas, pois eles apresentam a informação de forma atrativa incluindo textos, imagens, cores, sons, simulações de ambientes e proporcionam a interatividade. Portanto, “enriquecem o ambiente educacional, propiciando a construção de conhecimentos por meio de uma atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores.”(PCN–140).

A leitura de hipertextos colabora para a construção de sentidos, possibilitando o letramento digital, por meio de cada link acessado surgem diferentes significados e assuntos variados. De acordo com Braga (2004),

“para uma leitura eficaz de hipertextos é necessário, também, possuir um letramento digital suficiente para buscar as informações desejadas nesse meio, conhecer as estratégias de categorização de informações e de exclusão de informações irrelevantes.”

Nesse momento o profissional da educação orienta a busca construtiva, direciona a pesquisa a ser realizada, sugere links que contenham conteúdos produtivos e confiáveis, ou seja, proporciona a fluência tecnológica, para que isso ocorra o professor deve ser leitor, pesquisador e mediador da aprendizagem, pois buscar informações na internet requer uma prática social de leitura tanto do professor quanto do aluno.

O aluno que estuda na tela com a mediação correta do professor desenvolve habilidades de encontrar informações, selecionar sites e conteúdos confiáveis, ler textos verbais, imagens e assim transformar a informação em conhecimento, utiliza para isso a internet. Por meio dessa tecnologia podemos errar, corrigir, escrever, reescrever, criar e recriar.

Outra forma de inserir as tecnologias na escola pode ser por meio do trabalho desenvolvido em equipe, promovendo a aprendizagem colaborativa em que alunos e professores aprendem durante o processo, há o planejamento, a criação, o replanejamento, tudo em função da qualidade da aprendizagem.

O profissional que atua na escola hoje deve ser um pesquisador, interagir com as tecnologias para compreender como esses nativos digitais constroem o conhecimento, pois ambientes virtuais de aprendizagem favorecem conhecer o que sabem e tomar decisões para que eles recuperem a oportunidade de aprender. A tecnologia na escola está a serviço de uma educação inclusiva que democratiza o acesso as informações, ensina a interpretar, constrói o conhecimento e assim ajuda diminuir as desigualdades sociais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. MEC.Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional. Brasília, 1998.
DB Braga. Hipertexto: Questões de Produção e de Leitura. Comunicação apresentada no 52 º Seminário do GEL. Unicamp, 2004.


WEBLIOGRAFIA


CURI, Maurício. Educação não é a solução. 2008. WikiKeys, Wikiducação.

CYSNEIROS, Paulo Gileno. Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora? Informática Educativa Vol 12, No, 1, 1999 UNIANDES - LIDIE pp 11-24 http://ead1.unicamp.br/e-lang/multimodal/HatugaiTiposDeModalidade.htm
acesso em 5 de maio de2011.

acesso em 7 de maio 2011.


/documentos/Texto_1_Nativos_Digitais_Imigrantes_Digitais.pdfNativos Digitais, Imigrantes Digitais. Por Marc Prensky
acesso em 7 de maio /201.




Nenhum comentário: